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terça-feira, 31 de agosto de 2010

Corinthians 100 anos: relembre a invasão ao Maracanã em 1976

OSMAR SANTOS, ESSE TAMBÉM TEM HISTÓRIAS, SAÚDADES... É PRÁ VOCÊ CORINTHIANOS ESSAS LEMBRANÇAS AOS MEUS FILHOS KELLY CAVALCANTE E JONES CAVALCANTE JUNIR
PARABÉNS CORINTHIANS.

Cem anos de Histórias

23 anos de Espera

Só Lembranças
"Me senti como um estrangeiro na doce terra carioca". A frase de Nelson Rodrigues (1912-1980), dramaturgo, escritor e torcedor tricolor fanático, publicada em sua coluna no jornal O Globo, em 6 de dezembro de 1976, é um dos testemunhos do histórico episódio ocorrido um dia antes no Maracanã: calcula-se que 70 mil torcedores se deslocaram de São Paulo para o Rio de Janeiro e empurraram o Corinthians, que vivia o mais longo jejum de títulos de sua centenária história, rumo à vitória sobre o Fluminense, na semifinal do Campeonato Brasileiro. Não há registros no futebol brasileiro e mundial de algo semelhante.A vaga na final seria definida em jogo único, e os "donos da casa" eram favoritos absolutos. Além da seca do rival paulista, que não levantava um troféu importante desde 1954, o Fluminense contava com um elenco fortíssimo: dos 11 titulares, dez já tinham passagens pela Seleção. Um deles, Rivelino, um dos maiores craques da história corintiana, que deixou o time em 1974 após ser apontado como o culpado pela derrota para o Palmeiras na final do Paulista. A favor da equipe alvinegra, um time disciplinado e esforçado e os milhares de "invasores" que dividiram o então maior estádio do mundo (o público da partida foi de 146.043 presentes).

Quando a bola rolou, o Fluminense até saiu na frente com Carlos Alberto Pintinho, aos 18min do primeiro tempo, mas levou o empate após belo gol de Ruço, aos 29min, quando já chovia no Rio de Janeiro. Na etapa complementar e na prorrogação, sobre um gramado pesado, o empate persistiu. Nos pênaltis, brilhou a estrela do goleiro corintiano Tobias, que defendeu as cobranças de Rodrigues Neto e Carlos Alberto Torres (só Doval converteu). Pelo lado alvinegro, Neco, Ruço, Moisés e Zé Maria marcaram e garantiram a vaga na final e a festa nas arquibancadas dos torcedores que foram para Rio de avião, carro, trem e ônibus (também há relatos de fãs que foram de bicicleta e ao menos um que foi a pé da capital paulista até a carioca).

Wladimir não se esquece daquele 5 de dezembro. Um dos maiores ídolos da história do Corinthians, recordista de jogos com a camisa do clube (803), o ex-lateral esquerdo foi um dos melhores em campo no Maracanã. "A gente tomou o primeiro gol, mas foi impressionante. Ninguém se abalou. A gente tinha certeza de que ia empatar a qualquer momento. O time continuou lutando bravamente e acabamos sendo coroados com um belíssimo gol de puxeta do Ruço. Até achamos que fossemos vencer o jogo a partir desse gol. Tivemos a vontade redobrada", conta o ex-jogador ao Terra.



De acordo com Wladimir, a classificação jamais seria possível se não fosse a maciça presença de corintianos. Aliás, não só de corintianos. "O que me chamou a atenção foi a presença de várias torcidas. As pessoas faziam questão de se manifestar dizendo que eram palmeirenses, são-paulinos ou santistas e tinham ido até o Rio para torcer pelo Corinthians. Isso nunca mais vai acontecer", afirma o ex-lateral, que atuou com uma diferente chuteira azul e jogou tão bem que foi aplaudido até pelos tricolores.

"A sensação que tinha era de quem estava em casa, com o Maracanã dividido daquela forma. Eram as bandeiras corintianas, a nação marcando presença. Foi um dos maiores jogos da minha vida, pois, apesar do campo pesado, quase não errei. No dia seguinte, o Chico Buarque (como Nelson Rodrigues, outro notável torcedor tricolor) escreveu um artigo dizendo que minha atuação foi sem adjetivos, dizendo que não tinha adjetivos. Foi uma das partidas mais perfeitas da minha vida", orgulha-se.

A invasão corintiana foi um episódio à parte antes mesmo de a bola rolar. O presidente do Fluminense na época, Francisco Horta, disponibilizou uma carga de 70 mil ingressos aos corintianos e entregou nas mãos de Vicente Matheus, que teria pago pelas entradas à vista. Contudo, o dirigente tricolor ressaltou que jamais esperava que os visitantes esgotassem as entradas e lotassem o Maracanã.

As autoridades de segurança também foram surpreendidas. Às pressas, foi montada uma operação denominada "Corinthians" que tentou organizar a grande movimentação na Rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio, por conta do grande volume de veículos corintianos que cruzaram a estrada na sexta e no sábado de véspera da semifinal.

Os torcedores corintianos também roubaram a cena pouco antes do jogo. O ônibus do time demorou quase duas horas para chegar ao Maracanã por conta dos fãs, que interrompiam o veículo e saudavam os jogadores nas ruas cariocas. O Hotel Nacional, onde o time ficou hospedado, também foi pintado de preto e branco. "Eram umas 600 ou 700 pessoas que cantavam, hasteavam a bandeira no hotel. Não esperávamos tudo isso, porque não fomos de ônibus e não vimos a estrada. Foi só na segunda-feira, vendo pela TV, que tivemos a impressão real do que aconteceu", diz Wladimir. "Foi algo inédito, realmente único na história do futebol", conclui.

No domingo seguinte, no Beira-Rio, mais 12 mil torcedores corintianos invadiram o estádio do Internacional. No entanto, o time de Falcão, Figueroa e companhia levou o título nacional com um triunfo por 2 a 0. O jejum de títulos do clube alvinegro acabaria no ano seguinte, com a vitória sobre a Ponte Preta na decisão do Campeonato Paulista de 1977.Veja no blog do juca

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